domingo, 14 de novembro de 2010
Ela me desafiou: "Queima meu cabelo, pra você ver!". Eu, bobo, acendi o isqueiro e levei a chama até a pontinha roxa de sua californiana. No mesmo instante ela virou a mão na minha cara com tanta força que eu fiquei sem ação, meio sem rumo. Levantei e saí, desnorteado.
Por mais que eu quisesse ficar alí perto dela, implicando só pra ela vir pra cima de mim e eu ficar sentindo seu cheiro, eu não podia ficar. Não depois daquele tapa. Saí e fui andando. Fui até nosso mais comum ponto de encontro nos últimos dias: o corredor de artes e sua escada em caracol, nosso esconderijo secreto que todo mundo conhecia.
Quando ela chegou, com a cara mais lavada do mundo, toda a raiva que eu senti na hora do tapa passou, sumiu como se seu olhar fosse capaz de apagar toda a ira do mundo. A dor não. A dor ainda tava alí. Foi um tapa e tanto. Mas quando ela chegou eu respondi à altura do tapa e lhe dei o que ela merecia: Um beijo!
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