sábado, 23 de outubro de 2010

Maria Capitolina

"Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada.'
Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim."




Eu lembro perfeitamente da primeira vez que a vi. Era intervalo das duas horas lá, ela veio andando toda descompromissada, como quem não queria nada. Sentou na mesa do outro lado da rua com um par de amigos, acendeu um cigarro, pediu uma cerveja e sorriu de alguma coisa. Foi nesse momento que meus olhos tocaram os dela pela primeira vez.
Eu não sabia seu nome, não tinha amigos em comum, e pelo visto não compartilhávamos nem sequer o mesmo gosto de cerveja. Um tempo depois eu descobriria que ela bebia qualquer coisa.
Ela era tão simétrica, que nem mesmo o fato de ser fumante me desencantava. Devia se chamar Ana, Maria... Tinha cara de menina de nome simples, mas de vida complexa, do tipo que não costuma se abrir, e que só mostra a casca. Pra mim já tava bom. Uns meses e umas sextas depois eu já sabia seu nome, onde morava, tinha seu telefone... Mas ainda era um enigma pra mim. Quem era, afinal? Eu ainda não descobri... Mas tô chegando perto. Assim que souber, juro que conto pra vocês.

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